A confiança dos empresários da indústria continua em baixa no Brasil. Segundo dados divulgados nesta quinta-feira (12) pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o setor chega ao sexto mês consecutivo com o Índice de Confiança do Empresário Industrial (ICEI) abaixo da linha dos 50 pontos — o que sinaliza um cenário de desconfiança generalizada.
Em junho, o ICEI registrou uma leve queda, de 48,9 para 48,6 pontos. Embora a variação seja pequena, ela reforça uma tendência de cautela entre os industriais, especialmente em relação ao rumo da economia nos próximos meses, explica Marcelo Azevedo, gerente de Análise Econômica da CNI.
“Os empresários mostraram um otimismo mais moderado, quando se fala das expectativas com relação às suas próprias empresas. Mas com relação à economia brasileira, houve uma queda mais forte, um aumento do pessimismo nessa agem de maio para junho.”
A pesquisa revela que, mesmo com uma discreta melhora na percepção das condições atuais — que subiu 0,1 ponto, chegando a 44,1 — o sentimento geral ainda é de insatisfação. Quando abaixo de 50 pontos, esse indicador mostra que os empresários veem o momento presente de forma negativa, tanto em relação à própria empresa quanto ao ambiente econômico mais amplo.
Já o componente que mede as expectativas para os próximos seis meses caiu para 50,9 pontos, refletindo um aumento do pessimismo, principalmente com o desempenho da economia nacional. O otimismo com o futuro das próprias empresas também perdeu força.
O ICEI é um levantamento mensal da CNI que capta o clima entre os industriais. Nesta edição, foram ouvidas 1.169 empresas de todo o país, entre os dias 2 e 6 de junho de 2025. A amostra incluiu negócios de diferentes portes: 480 pequenas empresas, 420 médias e 269 grandes.
A 3ª edição do Simpósio Liberdade Econômica foi realizada nesta semana em Brasília, reunindo representantes do setor produtivo, autoridades e especialistas para discutir propostas voltadas ao aumento da competitividade e à estabilidade econômica do país.
O “Reforma Tributária e o Setor Produtivo: Perspectivas e Desafios” foi um dos destaques do evento. Os participantes defenderam a adoção de medidas que assegurem segurança jurídica, equilíbrio fiscal e previsibilidade regulatória.
O vice-presidente jurídico da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB), Anderson Trautman, afirmou que a reforma tributária aprovada em 2023 e atualmente em fase de regulamentação ainda carece de políticas estruturantes.
Segundo Trautman, a Emenda Constitucional 132 prevê uma reformulação da tributação sobre a folha de pagamento, que poderia reduzir custos para o setor de Serviços e incentivar a geração de empregos. “Isso [ainda] não foi feito. Se atropelou com uma reforma da renda, com uma visão, mais uma vez, de enfrentamento do gasto do Estado.”
O PLP 68/2024, já sancionado, regulamenta a Reforma Tributária e traz mudanças importantes para o Simples Nacional, sem, no entanto, extingui-lo. A nova legislação permite que micro e pequenas empresas continuem a recolher impostos — inclusive o IBS e a CBS — por meio do Documento de Arrecadação do Simples (DAS), mas com ajustes.
Uma das novidades é a possibilidade de adesão a um regime híbrido, no qual o recolhimento do IBS e da CBS pode ser feito de forma separada. Apesar da manutenção do regime, as alterações levantam preocupações sobre aumento da carga tributária e perda de competitividade, levando ao receio de que muitos empreendedores tenham que deixar o Simples ou até reduzir suas operações.
Também presente no simpósio, o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, defendeu que a instituição trabalhe com uma agenda no mesmo sentido de quem produz.
“Oferecer opções às pessoas, criar uma infraestrutura e um ambiente regulatório e legal para que o empreendedorismo possa se desenvolver e fazer coisas novas”, defendeu Galípolo.
Organizado pelo senador Efraim Filho (União-PB) — que preside a Frente Parlamentar do Comércio e Serviço —, em parceria com a Vector Consultoria em Relações Institucionais, o evento cumpre um papel estratégico e necessário.
“Essa é a nossa missão, juntar vários atores, sentados à mesma mesa, para poder encontrar os caminhos de resguardar o equilíbrio e a responsabilidade fiscal no Brasil, ao lado de governo, Congresso, Banco Central, setor produtivo. Todos juntos, à mesma mesa”, afirmou o parlamentar.
Além do sobre a reforma, o evento abordou temas como crédito, pagamentos digitais, inclusão financeira e desafios regulatórios. O objetivo foi propor soluções práticas para destravar o ambiente de negócios e acelerar o crescimento sustentável do país.
As medidas alternativas aos dois decretos que aumentaram o IOF não foram bem recebidas por diversas entidades do setor produtivo, que reagiram logo após o anúncio. Entre essas entidades está a CACB (Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil). O presidente, Alfredo Cotait, subiu o tom:
“Esta conta também não é nossa. Nós lançamos o Gasto Brasil, onde mostramos que o governo está gastando mais do que arrecada. Até maio, mais de 500 bilhões de reais é o desequilíbrio das contas públicas. Nós temos que trabalhar para falar para o governo: corte de gastos já! Equilíbrio nas contas. É isso que o povo está pedindo”, afirmou Cotait.
A reação ocorre em meio ao esforço do governo federal para encontrar alternativas ao aumento do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), após pressão de setores empresariais e do Congresso Nacional. O recuo foi anunciado após críticas de que a elevação do imposto penalizaria a atividade econômica e encareceria o crédito em um momento de baixo crescimento.
Alta do IOF pressiona empresas e acende alerta sobre crédito, consumo e investimentos
Diante da necessidade de compensar a perda de arrecadação prevista com o recuo do IOF, o Ministério da Fazenda apresentou um pacote de medidas que inclui a reoneração de setores específicos, a revisão de subsídios e a antecipação de receitas extraordinárias, como dividendos de estatais. A estratégia, no entanto, foi recebida com ceticismo pelo setor produtivo, que vê nas propostas mais uma forma de transferir a conta do ajuste fiscal para empresas e consumidores.
Para a CACB, o governo deveria priorizar cortes de gastos e maior eficiência da máquina pública, em vez de lançar mão de medidas que, segundo afirmam, apenas adiam o enfrentamento do desequilíbrio fiscal.
Segundo o analista de mercado, Eduardo Domenico, algumas das medidas sugeridas, como a taxação das bets, são válidas. “Principalmente, com relação à questão social, para se coibir o que pode se tornar um vício entre os usuários.” Outras, porém, ele acredita não serem tão fáceis de aprovar:
“Acredito ser bem difícil a aprovação da nova tributação dos LCIs e LCAs, sendo que o agro e a construção civil são os grandes fomentadores do PIB e do emprego no Brasil. Criar novas alíquotas para esses segmentos vai dificultar e encarecer ainda mais a obtenção de crédito”, avalia o especialista.
Enquanto isso, o clima entre empresários é de alerta. A percepção é que, independentemente do formato, o ajuste pode resultar em aumento da carga tributária ou redução da competitividade.
O quilo do frango congelado volta a cair e é negociado a R$ 7,36
Nesta quarta-feira (11), o boi gordo registra alta de 0,14% e é negociado a R$ 312,20 em São Paulo, conforme dados do Cepea.
Entre as aves, o quilo do frango congelado voltou a cair — 0,67% — e custa R$ 7,36, enquanto o frango resfriado, também em queda, está cotado a R$ 7,57.
Já no mercado de suínos, a carcaça especial subiu 0,80%, chegando a R$ 12,55. O suíno vivo teve alta em Minas Gerais e é vendido a R$ 8,47; no Paraná o valor caiu e chegou a R$ 7,89; já em Santa Catarina, em alta, vale R$ 7,94.
Os valores são do Cepea.
Saca de 60 kg tem queda de 1,17%
Nesta quarta-feira (11), o café arábica registrou queda de 1,17%, com a saca de 60 kg cotada a R$ 2.276,92. No mesmo movimento, mas caindo um pouco menos, o café robusta perdeu 0,59%, sendo negociado a R$ 1.367,66.
O açúcar cristal, na capital paulista, caiu 1,81% e é vendido a R$ 130,08. Já no litoral, teve baixa de 0,93%, com a saca a R$ 125,26.
O milho também teve queda de 1,54%, com a saca de 60 kg negociada a R$ 67,73 na região de referência de Campinas (SP).
Os dados são do Cepea.
Nesta quarta-feira (11), a saca de 60 kg da soja é negociada a R$ 128,97 no interior do Paraná, com alta de 0,23%. No litoral do estado, a cotação subiu menos, 0,02%, chegando a R$ 134,09 em Paranaguá.
O trigo, no Paraná, teve queda de 1,33%, com a tonelada cotada a R$ 1.512,36.
Já no Rio Grande do Sul, em queda, a tonelada é cotada a R$ 1.361,22.
Os dados são do Cepea.
O Ibovespa encerrou a terça-feira (10) em alta de 0,54%, aos 136 mil pontos, impulsionado pela divulgação do IPCA de maio, que veio abaixo das expectativas do mercado, com alta de 0,26%. A surpresa positiva na inflação, influenciada pela queda nos preços da gasolina e de bens duráveis, fortaleceu a percepção de que o Comitê de Política Monetária (Copom) poderá manter a Selic em 14,75% na próxima reunião. A menor pressão inflacionária também animou o setor de varejo, com Magazine Luiza subindo 0,21% e Lojas Renner avançando 2,35%.
Outro destaque da sessão foi a Petrobras, que disparou 3,02% acompanhando o otimismo em torno das conversas comerciais entre Estados Unidos e China, que ajudaram a sustentar os preços do petróleo durante boa parte do dia. A Vale também subiu, mesmo com a queda do minério de ferro na China, marcando sua quinta valorização consecutiva.
Apesar do desempenho positivo geral, o setor bancário pesou no índice, com Banco do Brasil recuando 0,87%.
Os dados da bolsa podem ser consultados no site da B3.
O dólar interrompeu nesta terça-feira (10) uma sequência de três quedas consecutivas e fechou em leve alta de 0,11%, cotado a R$ 5,56. A valorização da moeda reflete a cautela dos investidores em relação ao pacote fiscal anunciado pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, que prevê a compensação da redução de alíquotas do IOF, mas ainda sem apresentar cortes estruturais de despesas. A expectativa gira em torno da medida provisória prometida para esta semana, que deve detalhar como o governo pretende manter o equilíbrio fiscal sem recorrer a novos tributos.
No cenário internacional, os mercados também monitoram a retomada das negociações entre Estados Unidos e China sobre os controles de exportação, em seu segundo dia nesta terça-feira, o que adiciona volatilidade ao câmbio.
Internamente, o IPCA de maio subiu 0,26%, abaixo das projeções e desacelerando frente aos meses anteriores, com alta acumulada de 5,32% em 12 meses. O dado é o último antes da reunião do Banco Central na próxima semana, que pode revisar a taxa Selic, atualmente em 14,75% ao ano.
A plataforma Gasto Brasil, lançada em abril, acaba de ser atualizada com funcionalidades que tornam mais fácil e preciso acompanhar como estados, municípios e a União aplicam o dinheiro público. A principal novidade é o de MAPAS, que permite visualizar, por município, o gasto por habitante com encargos sociais e investimentos, facilitando a comparação da qualidade do gasto público, e não apenas dos valores totais.
Idealizada pelo consultor Cláudio Queiroz, da Confederação das Associações Comerciais e Empresariais do Brasil (CACB) e da Associação Comercial de São Paulo (ACSP), a ferramenta reúne dados de todas as esferas do governo, além do Banco Central e de empresas públicas não financeiras.
“É uma plataforma que ajuda a entender melhor onde e quanto o governo está gastando, e se esses gastos fazem sentido do ponto de vista da eficiência e do retorno à sociedade”, afirma Queiroz. “Ela está em constante evolução e caminha para medir a qualidade dos gastos dos entes públicos.”
A nova versão da ferramenta ou a mostrar, em cada município, os quatro principais grupos de despesa:
Segundo Queiroz, “Ela [plataforma] cada dia vai migrar para ver a qualidade dos gastos do governo — para ver se o ente está gastando muito ou não e onde ele está gastando”.
“A nova funcionalidade, ao expor a qualidade dos gastos e não apenas o valor global, muitas vezes mostra que o município está gastando mal seus recursos”, detalha o consultor.
Com gráficos disponíveis desde fevereiro de 2018, o Gasto Brasil evidencia a distribuição de recursos públicos. Em boa parte dos municípios, observa-se crescimento contínuo das despesas com pessoal e previdência, enquanto os investimentos evoluem em ritmo bem menor.
“O Gasto Brasil surgiu com o intuito de trazer mais transparência sobre as despesas gerais da máquina do governo, e não de forma fragmentada”, diz Queiroz. A plataforma serve também como centro de pesquisa, permitindo consultas bimestrais sobre quem gasta mais e em que áreas.
Dados do Ministério da Fazenda mostram superávit primário de R$ 17,7 bilhões em abril e de R$ 72,3 bilhões no quadrimestre. As despesas, porém, permaneceram altas, totalizando R$ 194,9 bilhões em abril e R$ 716,9 bilhões no ano — queda real de 1,9% ante 2024, mas ainda expressivas.
Apesar do resultado fiscal positivo, Cláudio Queiroz alerta: “o governo vem gastando sempre mais, prova disso é a busca incessante por mais fontes de receita”. O aumento do IOF, decretado no fim de maio e parcialmente revogado após pressão do setor produtivo, foi substituído por um novo pacote de arrecadação anunciado neste domingo (9). Entre as medidas estão:
Na avaliação de Queiroz, a necessidade de arrecadar mais evidencia problemas estruturais no gasto público. “As novas funcionalidades da plataforma deixam claro que o problema não está só na receita, mas na má alocação dos recursos. Gastamos muito e, muitas vezes, mal”, conclui.
Moeda americana chega ao menor valor desde outubro, cotada a R$ 5,56
O dólar começa a terça-feira (10) em leve queda de 0,13%, cotado a R$ 5,56 — o menor valor do ano e o mais baixo desde 8 de outubro do ano ado. A desvalorização da moeda norte-americana reflete o otimismo do mercado diante das sinalizações do governo federal sobre a agenda fiscal, especialmente após o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, anunciar que será publicada ainda nesta semana uma medida provisória com novas medidas para aumentar a arrecadação e substituir o decreto que elevava o IOF.
Entre as medidas confirmadas, estão a taxação de 5% sobre títulos atualmente isentos, como LCIs e LCAs, e a elevação da tributação sobre as chamadas “bets”. Haddad também destacou que o governo e o Congresso chegaram a um entendimento para discutir a redução de ao menos 10% nas isenções fiscais e revisar propostas de cortes de gastos em tramitação. A percepção de maior articulação entre Executivo e Legislativo na condução das contas públicas foi bem recebida por investidores e contribuiu para o fortalecimento do real frente ao dólar.